26.11.06

UNCANNY VALLEY: GYDNEW GOFF

Finalistas do Uncanny Valley Expo

O jornalista Clive Thompson acaba de anunciar no nwn.blogs.com, os finalistas do Uncanny Valley Expo. Daniela Guerrero, Phinn Boffin e Gydnew Goff foram as minhas preferidas, pois incorporam todos os ensinamentos do roboticista japonês Masahiro Mori. Nos anos 70 ele desenvolveu algumas hipóteses sobre as respostas emocionais dos seres humanos em relação aos robôs. Para ele, a identificação e o realismo não podem passar do ponto, ou seja, os robôs não devem ser idênticos aos humanos, pois causariam efeito oposto: repugnância

21.11.06

O outro Miles


Fui dormir pensando em escrever um artigo sobre o feriado da Consciência Negra e a última pesquisa da Organização Internacional do Trabalho - OIT, sobre as desigualdades entre brancos e negros, divulgada semana passada. Como várias vezes ocorre comigo, acordei com este texto pronto. Bastou pegar o bloquinho, que vive ao lado da cama, e anotar.

Me vi na coxia do Tuca, após praticarmos nosso exercício de canto. Ao fundo tocava "Dr. Jekyll", de Miles Davis. Quando percebi o corpo negro de Rubem, se despindo ao meu lado, foi amor fulminante. Acho que o namoro começou ali, mesmo sem ele saber de nada. Ensaiamos até tarde naquele sábado e, como de costume, fomos para a casa do Edu tocar violão e comer macarrão. Como sermpre fazia, fui até a cozinha e comecei a preparar minhas clássicas caipirinhas. Pedi para o Rubem pegar o açucar e, ao trazê-lo, nos beijamos. Depois desse beijo não nos largamos mais. Consegui sentir o cheiro do limão cravo enquanto ouvia o samba de Noel, que tocou naquela cena. Comecei a cantar pensando por onde andarás você Rubem?

Lembrei-me também que amo Hip Hop, Paula Lima e feijoada. Esta iguaria afrobrasileira é meu prato preferido. Começo a desejá-la desde a compra dos ingredientes, a escolha do feijão preto, o fatiar da laranja. Do Rubem saltei para Miles, um negro lindo que conheci em 2002. Estava eu perdida em Nova Orleans, andando de bar em bar, pois aquela cidade respira jazz até no Burger King. A cada casa um novo som. Resolvi sentar no bar. Tinha andado uns 20 quarteirões. Quando o vi, cantando "Baby, Won´t You Make up Your Mind" me apaixonei imediatamente. No intervalo, Miles veio até o bar e me pagou um martini. Conversamos, ele conhecia o Rio de Janeiro, adorava Noel e já tinha experimentado a feijoada da Mangueira. Soube a história do seu nome, Miles, em homenagem ao outro Miles, que também amo de paixão.

Depois, ele voltou para o palco e tocou novamente "Baby, Won´t You Make up Your Mind". Saí andando feliz. Nunca mais o vi, mas cada vez que ouço Miles, me lembro de ti e daquela noite mágica.

20.11.06

Acessórios do meu ser

O Google me acompanha em tudo. Como ler dissertações, monografias sem
aquela pesquisa básica? Ainda mais em uma semana que participarei de
11 bancas. Como escrever sem acessá-lo para me lembrar do que já
esqueci? Ontem, mergulhada em vários trabalhos acadêmicos, era
impossível não usá-lo como bússula já que os assuntos iam de
fotografia moderna do clássico Farkas e seu dadaísmo tropical dos anos
40, passando pela teoria do caos, avatares e os ruídos da noofesra.
Tinha também a hipermídia que sai da web e invade o teatro -- na peça
"Jogando no quintal". Um teatro de improvisação que virou estudo de
caso.

Nesta hora percebi que as pastas mágicas do Firefox me ajudam demais.
Outra coisa que não vivo mais sem elas, apesar de manter o Explorer
quase como um sentimento nostálgico. Só ontem caiu a ficha: ler
ouvindo psyte, torna mais produtiva minhas correlações. Aline Vulpini,
de 25 anos, mescla o full-on com outras vertentes. Presente na cena do
interior de São Paulo, Aline já se apresentou em outros estados como
Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso. Vale a pena baixar seu set. Ela me
ajudou demais ontem, foi um acessório de produtividade. E quando todos
os acessórios (google, mp3, firefox, gmail etc) pareceriam
perfeitamente integrados a mim, acabou a força após uma chuva que
deixou São Paulo literalmente em baixo d´água. Daí foi o caos
literalmente. Não conseguia dormir, as velas -- espalhadas pela casa
-- me amolavam. Como viver sem tecnologia? Impossível. Ainda consegui
chegar até a geladeira, com a ajuda de uma lanterna, e peguei uma
cerveja ainda gelada. Ouvir a festa dos São Paulinos foi a única opção
de um domingo sem tecnologia.

19.11.06

Meio Raimunda


Ontem consegui assistir "Volver". Confesso que a Raimunda me tocou muito. A forma como a personagem -- totalmente Shiva -- renasce das cinzas, dá um jeito no destino, consegue trabalho, ainda se arruma e canta. A cena de Penélope cantando Volver de Gardel, faz a platéia se emocionar. Hoje, acordei pensando que escrevo para não enlouquecer, escrevo para espantar os fantasmas do passado, as dores e sofrimentos que parecem karma, acho que são. Mas ao mesmo tempo consigo congelar a dor, sair, fazer as unhas "a la francesinha", rir e levantar a poeira. Sim, venta muito no povoado de Raimunda. Acredito que o vento, da mesma forma que traz dor, também leva. No meio do passado que insiste em voltar, lembrei da força de Raimunda e resolvi, como ela, cozinhar para espantar o passado.
Tomates cortados em cubos
cebolas fatiadas bem finas
um fio de azeite
pedaços de atum
um rápido cozimento, algumas folhas de manjericão, da minha horta em vasos, e pronto: já tenho um molho delicioso para a pasta que está quase pronta. Uma taça de vinho?

17.11.06

Editores, mapa astral e temas semanais

O coletivo Remix Narrativo acaba de ganhar sete editores, cada um responsável por um dia da semana. Eu, como pesquisadora, sou a oitava colaboradora. Sua Second life (já que o site nasceu em junho), ocorreu às 22h45 minutos do dia 08 de novembro. O signo solar é escorpião, o ascendente é câncer (igual ao meu) e a lua estava em câncer no dia. Todos signos de água. E água é pura emoção. Nada mal, diz Margô Firme, editora do site e astróloga de plantão. Desejo que a emoção prevaleça sempre, pois cada narrativa traz um pouco da alma e da sinestesia do nosso dia-a-dia.

Com a Lua em Câncer, o Remix estabelece laços e vínculos com as outras pessoas. Favorece, portanto, toda área de assistência dentro do contexto profissional, onde a pessoa possa exercer a função de cuidar e ajudar o próximo. Conservar e preservar laços afetivos, manter as tradições e o provimento delas.

16.11.06

1º Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos


Numa festa com espírito de sarau, embalado de música, discussões e imagens desconexas para os menos sensíveis, o Sesc Pompéia sediará, no próximo dia 22, o lançamento do 1ºFestival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos. Batizado de "Entre todos", o festival receberá curtas de todos os formatos cuja duração não ultrapasse 15 min (de celular a 35 mm), e, serão exibidos tanto em pelicula quanto em vídeo.
O festival procura ampliar a discussão em torno da contribuição artística, filmíca e audiovisual nas questões ligadas ao individuo e seu meio. Os realizadores deverão inserir préviamente seus curtas em um dos 6 blocos temáticos estabelecidos: o lugar do corpo, origem e deslocamento, mundo interior, cotidiano, tecnocultura, núcleos e nichos. Maiores informações no site do Sesc SP.

15.11.06

Uncle Dave


Ontem foi seu aniversário querido David. Comecei logo cedo, no café, saboreando geléia de amora, a lembrar-me de ti. De como era maravilhoso nossos encontros na sua casa na vila. Logo ao chegar, via sua perua Variant branca, com finas faixas laterais vermelhas e pretas, estacionada ao lado de um esqueleto de moto. Você surgia de T-shirt branca, calça caqui e tênis reebook preto. Às vezes Rebeca já estava no Mac fazendo pesquisas ou descobrindo uma nova novidade que você iria nos apresentar antes do espumante de pêssego. Sim, ainda vou ao Empório Santa Maria, compro seu "refresco" favorito para tarde, deixo na geladeira e depois bebo-o na taça que bebíamos juntos. Fiquei com sua taça querido, aquela que um dia levamos do Maksoud Plaza, depois de um chá da tarde que começou pontualmente às 17h e terminou depois das 22h00, regado a Martinis. Sim, os encontros das Jennifers era o máximo! Adriana, às vezes, preparava as torradas para o caviar em sua cozinha com coisas de um jovem rebelde.
Tenho o maior orgulho de ter sido uma delas, a mais caipira, com alma de criança de Everglades você dizia. Na minha saudade ontem, achei algumas revistas "Ponte Aérea" e principalmente sua reportagem "Cuidado! Você entrou no Primitivo Everglades". Lembrei-me do dia em que editamos juntos esta reportagem na revista.

Você me dizia que deveríamos ir juntos para Everglades, que eu, do mato, iria me encontrar no mágico silêncio de 607 mil hectares de terra e, principalmente, água, localizado no sul da Flórida. Nunca fomos. Você dizia que meus dinos (filhos) iriam me enlouquecer, mas que eles te faziam se lembrar dos seus meninos.
Semana passada encontrei o Jean Boechat, outro grande amigo seu. Ficamos conversando sobre ti, sobre sua incansável capacidade de descobrir o novo. Dos nossos encontros, do seu último aniversário onde organizei uma feijoada com muita caipirinha, torresmos e mulheres. É você nos entendia como ninguém. Sabia se eu estava triste pelo tipo de alô que eu falava no telefone. Ai que saudade, amigo David. Jean e eu combinamos uma bebedeira para comemorar seu aniversário, estou só esperando ele se recuperar de uma cirurgia no rim.

ps: falando em mulheres, postei a foto mais linda de uma mãe. A sua Leila Diniz, encontrada entre outros 23.300 links no google. Também achei uma cartinha de Jean
Clarabóia
Um beijo querido amigo.


13.11.06

Corpo, imagem e cibercultura

Reunir por dois dias jornalistas, amantes da noosfera, pesquisadores em hipermídia, net artistas e filósofos, todos em torno da discussão do corpo, (inter)mediado na cultura, na arte, na comunicação, no design, nas ciências humanas é a proposta do seminário Corpo & Mediação: estudos contemporâneos, que ocorre nos dias 28 e 29 em São Paulo. Acredito, como pesquisadora e participante da imersão, que desses encontros sempre tiramos um panorama contundente desta nossa sociedade mergulhada no imagético e que, aos poucos, desloca-se -- sem volta -- do mundo da escrita.

O seminário é organizado e coordenado pelo professor doutor Wilton Garcia, que lança o livro "Corpo & Subjetividade", (Factash Editora) resultado do evento do ano passado. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site


Senac

9.11.06

Filhos Calvin II

Os episódios relatados a seguir precisam ser documentados, antes que a memória os perca. Ao sair para dar aula, deixei uma missão clara para Rafael: tomar banho, escovar os dentes e trocar de roupa (vale uma explicação, já que filho pré-adolescente do sexo masculino em geral não gosta de banho, água ou rotinas de higiene pessoal.

Às 22h34 recebo o seguinte sms: "Tem uma aranha gigante morando no meu banheiro, ela fica bem no box, não consigo tomar banho". Ele descobriu as maravilhas do sms. Resolvi responder por sms também com a seguinte frase:"Quero achar esta aranha mutante, pois vai ter pau hoje". Descubro que ele estava assistindo Animal Planet, o programa de todos os dias, todas as horas e especificamente sobre aranhas. Quando abro a porta, percebo seu olhar Calvin. Não falo nada (morrendo de vontade de rir), vou até o banheiro e encontro uma aranha de plástico gigante, comprada em Itu, com muito shampoo sobre as patas para disfarçar....

Devia ter brigado muito, mas caí na gargalhada e ri por 10 minutos seguidos. Isso é ter um filho Calvin.

Segundo episódio:
Acordo atrasada, percebo que estou com sapatos trocados, reclamo que ninguém colocou a mesa para o café, não vai dar tempo de chegar na escola. Vou trocar os sapatos, quando volto percebo que Rafael colocou uma banana prata para cada um na mesa do café. Digo furiosa: "como assim uma banana?" Ele responde:

-- Mantemos a forma e ainda podemos ir comendo a banana no carro, sem atrasos. Mais Calvin impossível. Entramos os três no elevador, eu torcendo para não encontrar ninguém. Paramos no segundo andar, entra um japonês com cara de Samurai bravo e olha demoradamente para os três segurando cada um a sua banana.

4.11.06

Maçã durante a madrugada


Você já desejou comer um javali com molho agridoce no meio da madrugada? E uma bandeja de quindim da Alice quindim? A causa deve ser o excesso de trabalho, a frieza do computador a minha frente, sei lá. Bom, apenas fui até a geladeira e peguei duas maçãs Fugi, pois só elas são doces e com caldinho. Foi um deleite para mim e Mimy - fiel amiga das madrugadas (uma para cada). Para embalar o carinhoso ato, coloquei secador, maçã e lente e vamos em diante, que a pilha de trabalho só cresce. Bons sonhos!

pode ser que sim
pode ser que não
que tudo aconteça
como aconteceu com um amigo de um amigo meu

ele só tinha coragem de comer maçã
e só comia a metade para emagrecer

ele não podia molhar porque
seu cabelo não era a prova d`água
toda vez que ele molhava enrolava
sua lente fazia diferente
não podia abrir um olho embaixo d"água

e dessa forma ele vivia alegremente
secador, maçã e lente
secador maçã e lente

ê vida atoa êêêêêêêê ah!

secador, maçã e lente
(érika machado/juliana mafra)

3.11.06

Cinema a la carte

O Ponto de Cultura da Vila Buarque, na região central de São Paulo, criou uma oficina de filmes de bolso. De olho no interesse dos jovens por seus telefones móveis, e outras máquinas registradoras onipresentes, quer fomentar a produção de pequenos vídeos, que podem transitar por e-mails e celulares, e disseminar idéias. O curso dura cerca de quatro semanas, mas não há periodicidade certa para acontecer. O foco é o modo de capturar as imagens. Não apenas filmando, mas também utilizando aquelas que já existem. Pode-se usar, por exemplo, obras com licenças de uso mais flexíveis que o copyright, como as Creative Commons (CC). Ou seja, fazer arte a partir de arte, sampleando, como os rappers. Nada mais remixado! Para se inscrever, entre em contato com a rede

2.11.06

Jump Madonna


"Acho que sou um homem gay em um corpo de mulher", declarou Madonna em sua última entrevista, que será exibida dia 29, às 22 horas, no Multishow. Sei que tem gente que não gosta dela, mas eu sou fã. Que camaleoa, uma mulher que consegue avançar, se reinventar. Se pensarmos em uma Xuxa, por exemplo, que permanece prisioneira da sua própria nave e da sua personagem infantil, Madonna, ao contrário, transita por estilos como quem toma um banho e sai para rua sem olhar para trás. Ela fracassa, cai, separa, retoma, tem filho, adota outro. Só uma mulher muito macho em corpo tesudo consegue realmente o que ela consegue. Deve ser isso.

Bom, enquanto delicio algumas macadâmias, uma de minhas paixões, ouço Jump e lembro de uma balada, bem jump que fui. Lá vai a letra!

There’s only so much you can learn in one place
The more that I wait, then more time that I waste

I haven’t got much time to waste, it’s time to make my way
I’m not afraid what I’ll face, but I’m afraid to stay
I’m going down my own road and I can make it alone
I'll work and I'll fight till I find a place of my own

Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don’t ever look back, oh baby,
Yes, I’m ready to jump
Just take my hands
Get ready to jump

We learned our lesson from the start, my sisters and me
The only thing you can depend on is your family
And life’s gonna drop you down like the limbs of a tree
It sways and it swings and it bends until it makes you see

Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don’t ever look back, oh baby
Yes, I’m ready to jump
Just take my hands
Get ready to, are you ready?

(Spoken:)
There’s only so much you can learn in one place
The more that you wait, the more time that you waste

I'll work and I'll fight till I find a place of my own
It sways and it swings and it bends until you make it your own

I can make alone (repeat 7x)

Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don’t ever look back, oh baby
Yes, I’m ready to jump
Just take my hands
Get ready to jump

Are you ready to jump?
Get ready to jump
Don’t ever look back, oh baby
Yes, I’m ready to jump
Just take my hands
Get ready to, are you ready?

1.11.06

Olíbano

Ao perder um CD, que tanto precisava, chorei. Ao chorar, percebi que todos em casa choraram também. Choramos juntos, inclusive a cachorra e, em mutirão, achamos a peça desaparecida em um lugar sinistro. Demos risada, dançamos na sala, acendemos Olíbano -- um incenso de sorte e afeto. Brincamos e resolvemos sair para comemorar comendo x-salada ao sabor de um milk-shake de chocolate. Pensei no eterno regime, mas confesso que um x-salada consegue salvar minha vida. A cada mordida os problemas desaparecem, me renovo e me sinto feliz novamente.
Como sou inconstante e diariamente faço centenas de resoluções de ano novo e as quebro diariamente também, acordei com mau humor, pois detesto fazer supermercado. Na verdade, odeio. Deixo acabar tudo e quando, a geladeira vazia me diz olá, crio coragem e vou. Reclamando em cada corredor, achei um pé de manjericão, lindo, grande e num vaso de barro marrom. Resolvi cheirá-lo e tudo passou por completo. Me senti feliz novamente. Em frente ao vaso, na geladeira de congelados, vi um filé de frango
cordon bleu...Aquele com recheio de queijo com presunto. Lembrei de ti na hora e dei risada. Resolvi comprar o vaso, o frango e, na saída, esqueci os dois carrinhos de chatices no caixa.
Como a torneira do céu está aberta em Sampa hoje, me molhei inteira ao atravessar o estacionamento em busca dos carrinhos. Fiquei mal humorada novamente comigo, por ser tão atrapalhada, mas daí abracei o manjericão e senti o cheiro do tempero e da chuva em minha pele. Acho que esta foi a fórmula remixada de ser feliz hoje. Um pouco a cada dia, em pílulas.