31.5.06

Copa videogame


Ontem a mesa sobre jornalismo esportivo, realizada na PUC-SP, estava ótima. Novos olhares sobre o nosso velho jornalismo. A Fifa gastou 700 milhões de euros para montar toda uma infra-estrutura de imprensa. Tudo para permitir, que os eleitos -- aqueles que pagaram pelo direito de participar do Olimpo --, possam transmitir os treinos, passear pelos hotéis, conversar com os assessores e conseguir o melhor lugar nas coletivas de imprensa. Nesta altura, você leitor, deve estar imaginando como deve ser maravilhoso o dia-a-dia da comitiva global, por exemplo. Mero engano. Arnaldo Ribeiro, da Placar, coloca a melhor frase da mesa: "Há uma blindagem das assessorias. Ninguém consegue mais nada da CBF. Temos que conseguir matérias associando coisas, relacionando tudo com tudo. Prestem atenção nos jogadores que não são linha de frente, descubram seus blogs", ensina Ribeiro. Quem pautou a Folha de S. Paulo ontem foi o Kaká http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk3005200603.htm, aquele que em 2002 chegou tímido, vestindo a camisa 23 da Seleção. Aliás, olhem para o Robinho agora, também camisa 23, também desconhecido entre os fenômenos.
Renato Pompeu também esteve ontem neste bate-papo e disse que ainda acredita no futebol como arte, numa cobertura digna, sem o negócio do futebol pautando tudo. Lembrei imediatamente do bonitão David Beckham. A inglaterra levou a sério as leis de Kotler, o papa do marketing, e o transformou em ídolo. Alguém já ouviu a voz do Beckham? Ele não fala, apenas aparece como algo idealizado por milhões. O futebol inglês também virou show, aqueles que assistimos sem grandes expectativas. Dia 13 está chegando. Não quero ver Brasil X Croácia com minha Skol gelada pela Globo. Videogame total, ainda mais com o dejavú Galvão Bueno. Queria me sentir meio como o anjo Daniel, de "Asas do desejo", que espia Berlim de vários ângulos; poder sentir o chulé do Ronaldo barriga e saber como será dramática esta partida.

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