19.12.06

Calor, mosquitos e a TV Globo

Tem dias que desejamos realmente que o teletransporte exista. Ninguém merece a programação da Globo em dezembro, a novela, o calor e esses mosquitos. Sei que sou chata, reclamona, mas hoje eram 8h10 da manhã e já estava 32 graus na Pompéia. Fui passear com a minha cachorra e tive o desprazer de encontrar um vizinho japonês com dois Poodles brancos horríveis. Eu odeio Poodle. O dono não carregava um saquinho plástico para as fezes e os cachorros usavam sapatinho de pelúcia para não sujar as patas. A rua tudo bem. Fui lá e ofereci um saquinho. Ele fez cara de bobo, nem agradeceu. É isso. O brasileiro é mané, assiste a Globo, come peru na ceia de Natal -- mesmo fazendo 40 graus neste país tropical; vai ao shopping -- mesmo com duas horas de espera para estacionar no Iguatemi. Será que sou muito chata? Com certeza sou, mas é duro entrar na fôrma, gostar do que todos gostam. Amar do jeito que todos amam. Aceitar a família Doriana, mesmo quando não acreditamos na instituição do casamento. Comprar nozes e figo para a mesa do dia 24, quando preferimos um abacaxi com cubos de gelo e um carpaccio esperto.
A chuva trouxe um pouco de vento, seu telefonema me encheu de felicidade e resolvi resgatar a música Lenha, de Zeca Baleiro, que adoro, principalmente quando a letra diz:

se eu não sei dizer/o que quer dizer/ o que vou dizer/se eu digo pare/você não repare/no que possa parecer ...

Quem sabe sonho que estou no frio, cheia de queijos gostosos, um bom vinho, nada na cabeça e a leveza de quem vive cada dia como se fosse um bom filme. Quem sabe o ano que vem consigo fazer cuscuz no Natal, trocar o pudim de leite condensado pelo gelado de manga. Enfim, possibilidades.

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