Lua cheia

A noite caiu

A lua quase sumiu

surgiu

eu chorei

Chorando

resolvi reagir e ligar

Sua voz me deixou mais feliz

Sei que alguém gosta de mim

....mas sozinha

adormeci

Acordei. O relógio marcava 3 horas. Tomei leite

Chorei. Nem sei bem o motivo

Acho que a cama

grande

me assustou

Acho que não queria estar ali

Acordei. São 8h35. O tefefone toca. É o meu amor. Consigo

levantar com dificuldade. Estou sem forças

sem brilho.

Quero fugir para o mar, voltar a ser sereia.

Acho que preciso retomar a poesia

Ser menos dura comigo, sonhar

Trabalho, trabalho e trabalho. Nunca

trabalhei tanto! Tudo depende da minha opinião.

Queria ser Laura, Maria, menos eu.

Bate a saudade. Hoje não verei meu amor, mas um dia duro.

A tarde cai densa na cidade cinza

Eu me sinto cinza

Meu texto sai cinza

Preciso sair para respirar.

Preciso de ar

São Paulo, 04/05/95

ps: achei este bilhete amarelado hoje numa caixa de cartões antigos. Sempre gostei de bilhetes em guardanapos, pedaços de papel. Resolvi remixar o bilhete, afinal, achei-o super atual, minha paixão pela lua, a solidão e a cama imensa.