14.10.06

Eu e o Abujanra fomos ao cinema


Acho que estou me tornando budista, uma revolução para uma comunista convicta. Comecei a perceber que a felicidade realmente está nas pequenas coisas. Você já ouviu esta frase antes? Acha que eu resolvi falar de auto-ajuda? Não me importo. Mas te darei algumas dicas:
Saber dar valor ao sabor doce de um morango, fazendo cócegas no céu da boca.....isso é felicidade.
Saber se deliciar com o cheiro do sabonete Karma, da Lush, num banho demorado e quente ....isso é felicidade.
Congelar a manhã para uma "guerra" de cócegas com seu filho na cama... isso é felicidade.
Se dar ao luxo de matar a sexta-feira, andar a pé pela Paulista e ir assistir, no meio da tarde, "Amantes constantes" ... isso é felicidade.
Eu e o Abujanra deixamos os afazeres para trás e ficamos imóveis por três horas assistindo um filme em preto e branco, que fala sobre jovens anarquistas na bela Paris de maio de 1968. Eles discutiam a existência embalados a muito ópio. Você acha que somos chatos e gostamos dos filmes de Godard? Acertou.
Você já comprou e leu a bela revista Piauí? Não.
Já sei. Você gastou seis horas da sua vida para pegar chuva no litoral norte e neste exato momento espera uma mesa para comer peixe frito com sua sogra?
Você não é budista, vota no Alckmin e nunca ouviu falar no ator Louis Garrel (www.louis-garrel.com), vencedor do César 2006, como melhor ator revelação. "Amantes constantes" levou o prêmio Leão de Prata, como melhor diretor, e do Golden Osella, como melhor fotografia, no Festival de Veneza 2005.

Você não gostaria da cena em que a personagem de Clotilde Hesme pergunta para o amante se ele se importa dela transar com o amigo no andar de baixo. "Ele me dá tesão". Eu sei, você só transa de sábado e agora está vestido -- para almoçar com a sogra -- de bermuda caqui, camiseta polo listada, cinto preto, meias brancas de jogar têmis e um nike super limpinho.

Não perca seu tempo indo assistir "As torres gêmeas" no cinema. Olhe para o lado de vez em quando. Procure um beijo inesperado, roubado. Isso mesmo! Você já se apaixonou por um estranho? Não.

Não seja tão duro com você mesmo. Se dê uma chance de ser feliz.

3 comentários:

Felipe Lobo disse...

Deve ter sido bem divertido! É sempre bom ir em busca de algo diferente, interessante, surpreendente. É disso que é feita a vida.

Anônimo disse...

Cara Pollyana,
Não sei se é tarde para comentar esse texto, conheci o seu blog há pouco tempo. Achei esse texto muito bacana. Não imaginei que vc fosse assim.
Os outros que li são bem legais também. Vc tem um jeito gostoso de contar as coisas.

Anônimo disse...

Que texto legal e vc conta de uma forma muito gostosa.