A impossibilidade do encontro (...)
Ambos sabiam que o improvável sempre iria acompanhá-los. Desde o primeiro encontro; não havia força capaz de movê-los para a consumação das coisas. Eles eram apenas sonhos e sensações, as mais puras e belas. Cada um sabia exatamente o que o outro sonhava ou desejava para si e para o mundo em que viviam.
Mas eram incapazes de, por exemplo, marcar um encontro simples, sem atrasos, correrias ou pressa. O relógio do dia-a-dia os aprisionava. Eles eram atrapalhados (ambos) e mal conseguiam dar conta da chatice do dia-a-dia. Tantos papéis para representar na escola, no trabalho (...) Tantos telefonemas que nunca foram feitos. NÃO QUERIAM INCOMODAR.
Eles sentiam saudade. Aquela que aperta o peito, mas se recusavam a se apaixonar. Isso era para os tolos. Eles estavam numa esfera acima, prometeram não sofrer mais. Já sofreram muito. Plastificaram o coração e viviam disfarçando os sentimentos.
O tempo passava e eles permaneciam atrelados como um bote salva-vidas, que envelhece ao lado do navio, sem uso. Queriam tempo e um lugar doce, mas só aconteciam encontros próximos ao metrô, ou em pequenas doses de felicidade. O expresso 1368 só partiu uma vez. Eles conseguiram, neste dia, congelar o tempo, ou melhor, expandi-lo como se tivessem entrado num portal mágico. Lá os sonhos – por horas – pareciam para sempre.
Mas ao tentarem pegar o mesmo trem, a sombra do dia-a-dia os envolvia de culpa, compromissos, tolices e racionalizações que os românticos fazem constantemente para se mostrarem durões.
Durões não ligam, durões escrevem num bloquinho velho.
Mas jamais ligam e dizem:
Vem me ver agora.
Desinformação e crise de confiança
Há 4 dias
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