19.11.06

Meio Raimunda


Ontem consegui assistir "Volver". Confesso que a Raimunda me tocou muito. A forma como a personagem -- totalmente Shiva -- renasce das cinzas, dá um jeito no destino, consegue trabalho, ainda se arruma e canta. A cena de Penélope cantando Volver de Gardel, faz a platéia se emocionar. Hoje, acordei pensando que escrevo para não enlouquecer, escrevo para espantar os fantasmas do passado, as dores e sofrimentos que parecem karma, acho que são. Mas ao mesmo tempo consigo congelar a dor, sair, fazer as unhas "a la francesinha", rir e levantar a poeira. Sim, venta muito no povoado de Raimunda. Acredito que o vento, da mesma forma que traz dor, também leva. No meio do passado que insiste em voltar, lembrei da força de Raimunda e resolvi, como ela, cozinhar para espantar o passado.
Tomates cortados em cubos
cebolas fatiadas bem finas
um fio de azeite
pedaços de atum
um rápido cozimento, algumas folhas de manjericão, da minha horta em vasos, e pronto: já tenho um molho delicioso para a pasta que está quase pronta. Uma taça de vinho?

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