1.11.06

Olíbano

Ao perder um CD, que tanto precisava, chorei. Ao chorar, percebi que todos em casa choraram também. Choramos juntos, inclusive a cachorra e, em mutirão, achamos a peça desaparecida em um lugar sinistro. Demos risada, dançamos na sala, acendemos Olíbano -- um incenso de sorte e afeto. Brincamos e resolvemos sair para comemorar comendo x-salada ao sabor de um milk-shake de chocolate. Pensei no eterno regime, mas confesso que um x-salada consegue salvar minha vida. A cada mordida os problemas desaparecem, me renovo e me sinto feliz novamente.
Como sou inconstante e diariamente faço centenas de resoluções de ano novo e as quebro diariamente também, acordei com mau humor, pois detesto fazer supermercado. Na verdade, odeio. Deixo acabar tudo e quando, a geladeira vazia me diz olá, crio coragem e vou. Reclamando em cada corredor, achei um pé de manjericão, lindo, grande e num vaso de barro marrom. Resolvi cheirá-lo e tudo passou por completo. Me senti feliz novamente. Em frente ao vaso, na geladeira de congelados, vi um filé de frango
cordon bleu...Aquele com recheio de queijo com presunto. Lembrei de ti na hora e dei risada. Resolvi comprar o vaso, o frango e, na saída, esqueci os dois carrinhos de chatices no caixa.
Como a torneira do céu está aberta em Sampa hoje, me molhei inteira ao atravessar o estacionamento em busca dos carrinhos. Fiquei mal humorada novamente comigo, por ser tão atrapalhada, mas daí abracei o manjericão e senti o cheiro do tempero e da chuva em minha pele. Acho que esta foi a fórmula remixada de ser feliz hoje. Um pouco a cada dia, em pílulas.

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