11.3.09

Marolinha que virou Tsunami

Segundo Luis Nassif, Yoshiaki Nakano faz a melhor explicação da conturbada crise no jornal Valor de ontem

Os dados do IBGE de janeiro de 2009 de produção industrial brasileira mostram uma queda de 17,2%, comparada ao mesmo período do ano anterior. Mesmo neste mundo conturbado pela pior crise financeira das últimas sete décadas, não me recordo de país que tenha sofrido queda tão forte quanto a produção industrial brasileira. (…)

Os analistas em geral e o governo interpretaram a violenta queda na produção industrial, desde setembro, como um ciclo de ajuste de estoques. Neste ciclo, uma súbita e inesperada queda na demanda final teria provocado um aumento excessivo e não desejado de estoques, o que teria provocado um freio brusco na produção industrial. Mas, como a demanda final não sofreu uma queda tão grande, como mostram os dados de vendas do comércio varejista no mesmo período, uma vez ajustados os estoques para o nível desejado a indústria voltaria a recuperar e produzir mais. Nesta perspectiva, esperava-se que a produção industrial em janeiro tivesse forte recuperação, de 10% ou mais, e não os meros 2,3% divulgados pelo IBGE. Isto causou surpresa generalizada. Causou surpresa também que o comércio e os serviços nos setores não dependentes de crédito continuassem com o nível de atividade quase normal.
Na realidade, a brusca queda na produção industrial não foi causada por ajuste de estoque. Foi, sim, uma crise de crédito e um quase pânico que provocaram esse impacto na indústria, que tem ainda frescas na memória as crises provocadas pelas sucessivas paradas súbitas no fluxo de capitais do exterior
. Não foi uma queda na demanda final pelos consumidores e corte nos pedidos pelo comércio varejista que provocaram tamanha contração na produção industrial. (…) Vale a pena entender como a marolinha do presidente Lula era na verdade um Tsunami

Nenhum comentário: