Se alguém falasse que, em pleno século XX, havia um país na Europa vivendo no absolutismo, com um sistema econômico basicamente feudal, que país viria na sua memória?
Este país era a Rússia. Ainda sob o regime czarista, a Rússia essensialmente agrária passava por graves crises. Em meio à primeira guerra, passou por uma transformação que só foi possível com uma super remixagem ideológica.
Marx dizia que a revolução socialista deveria ser feita por operários, contra a burguesia industrial. O grupo socialista-marxista na Rússia era forte. Eram os bolcheviques. Mas a grande massa da população era camponesa. Como fazer uma revolução socialista assim?
Primeiro foram os burgueses que tomaram o poder. Kerensky e os mencheviques derrubaram o Czar na chamada revolução de fevereiro (que, efetivamente, foi em março, mas não importa). A partir daí, estava terminado o regime absolutista na Rússia.
Porém Kerensky não tirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial, uma das principais reivindicações do povo russo. E com a liberdade de expressão dada pelo caráter liberal da revolução, os líderes bolcheviques começaram a criticar o governo.
A articulação feita por Lênin foi simplesmente genial. Havia uma pequena indústria na Rússia, porém um fraco operariado, ainda muito ligado ao campo, seja por origem de nascimento, seja por parentenco muito próximo com camponeses. Eis a solução, um verdadeiro remix de idéias: articular os operários para que estes articulassem os camponeses, pelo forte vínculo que há entre eles.
A união entre operários e camponeses deu tão certo que a chamada "revolução de outubro", comandada pelos bolcheviques, tomou o poder de Kerensky e implementaram um sistema socialista, com a grande massa de camponeses e uma pequena parcela operária - fato que foi registrado no símbolo soviético: a foice e o martelo.
Deu tão certo que a União Soviética tornou-se potência militar, política e ideológica, dando origem à Guerra Fria. Até hoje, o símbolo soviético pode ser reconhecido.
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