12.11.07
Choque de realidade
Ontem não conseguia dormir, fiquei na janela olhando o prédio em frente, o movimento das pessoas em volta da TV, o final do Fantástico passando no centro da sala. Entendo perfeitamente Welson esta sua vontade de brincar com o dia-a-dia. Vou citar duas vontades congeladas pelo choque de realidade. A primeira foi na terça-feira passada, eu parada no Minhocão olhando o trânsito caótico da janela de um taxi com ar condicionado. Ao meu lado se posiciona um motoqueiro com cabelos longos, tatuagem tribal no braço esquerdo, vestido todo de preto. Nunca andei de moto [...], imediatamente quis descer do taxi e pedir uma carona para ele, simplesmente passear pelo Minhocão olhando São Paulo de cima. Neste exato momento o taxista pergunta para qual rua iremos e o motoqueiro acelera e vai embora.
Na outra situação ganho um folheto de divulgação de um apto modelo e junto com ele chocolates em barra. Imediatamente pensei em visitar o apto, sentir o fofo do sofá, brincar de casinha na cozinha decorada. O choque de realidade veio imediatamente ao meu comentário: mas você nem está comprando apto? O que pretende fazer lá? Ia responder que era brincar de casinha, mas fiquei quieta e guardei o chocolate para comer depois. Acabo de iniciar a série cotidiana "Choque de Realidade" e convido cada um para contar sua história.
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5 comentários:
Polly, fantástica tua iniciativa. Eu tenho, sim, vários choques de realidade neste meu um ano de SP. Infelizmente, a maior parte deles me chama para uma realidade triste, dura, fria, não. Gelada!
Esperava o ônibus atrás da Abril, como qualquer dia, ou melhor, noite. Já passava das 21h. Na parada escura, sentei na soleira da uma porta já cansada de esperar o Armênia 719-P.
Então dobra a esquina um grupo de três meninos e uma mulher. Levei um susto que passou rapidamente ao perceber que eram meus colegas na Abril.
Antes, dois deles foram meus orientandos no Curso Abril. Daqueles que a gente acredita e, sempre que pedem indicação de profissional, a gente indica, mesmo que ainda não tenham se formado.
Daqueles que a gente batalha por uma contratação quando vê que o estágio está acabando.
Daqueles que tomavam sopa todos os dias comigo, às 18h, no refeitório da Abril, dando risada e contando a vida.
Cumprimentei com um beijo cada um. Eles caminhavam rumo ao estacionamento ao lado da parada de ônibus. Ao se afastarem, um deles perguntou:
"Prá onde está indo, Ana?"
"Prá qualquer metrô", respondi.
"Puxa... não passo em nenhum metrô. E você, fulano?"
"Também não..."
"É... eu também não..."
"Nem eu..."
Percebi que se olhavam para ver qual deles faria o sacrifício de desviar o caminho nos seus confortáveis carrinhos para me deixar perto de uma estação.
Sentei de novo na soleira da porta dizendo:
"Daqui a pouco o ônibus chega. Tchau, guris."
Eles responderam um animado "Tchau, Ana!", dando graças a Deus por eu tê-los "livrado" da carga de terem me encontrado naquele ponto. E foram sentar nos banquinhos estofados dos carrinhos recém-tirados da concessionária pelos pais.
No incrível documetário “Motoboys – Vida Loca” (eu comprei, mas se quiser baixar, tem aqui: http://www.edonkers.org/forum/viewtopic.php?p=197645) o Serginho Groisman conta que ele tava no trânsito, parado, atrasadíssimo e faltando 10 minutos pra começar o programa dele, quando ele vê um motoboy ao lado do taxi. Daí ele resolve engolir “the red pill”, no linguajar do Matrix, e tomar um choque de realidade ao subir na moto e pedir pro motoqueiro levá-lo para o estúdio, ao qual chegou em 5 minutos. (Enviado por André Gurgel, querido amigo que também sofre de choque de realidade)Em tempo: quando o gmail entrará automaticamente no Remix?
Choque de realidade... hummm
Aninha, pena que eu não tenho mais carro e não trabalho na Abril... comigo vc iria para o metrô com direito a risadas, confissões e até musiquinha. Pior: não pretendo comprar outro!
Acho que o choque de realidade da semana veio ontem, quando conversei com uma amiga que também está envolvida no Campus Party e descobri que há MUITO menos disponível do que imaginava... Até quando a gente vai fazer das tripas coração para colocar os nossos projetos no mundo?
Oi Pollyana. O meu choque de realidade tem nome e sobrenome. Eu adoro cachorro. Já tenho uma. Chama-se Afrodite Lyz. Escolhi este nome porque contempla uma boa energia indicada pela numerologia. É da raça labrador e da cor chocolate. Lindíssima. Afirmei no início que eu “já tenho uma” cachorra porque realmente eu “já tenho”, embora seja só na minha imaginação. Mas não dizem que devemos mentalizar tudo que queremos e nos concentramos neste desejo, daí um belo dia acontece? Então, eu tenho uma cachorra labrador da cor chocolate que se chama Afrodite Lyz. Por enquanto, eu preciso trabalhar pra comprar uma casa no interior pra colocar a cachorra lá dentro. Mas a casa não é pra cachorra, é pra mim. Sim, porque eu moro em um apertamento. Desculpe-me, não é erro de digitação – apertamento - é um neologismo mesmo. Às vezes eu penso que moro numa mansão em miniatura mas é um apertamento completo, com falta disso e daquilo. Eu moro num apertamento em São Paulo e cachorro da raça labrador precisa de espaço. Na verdade eu quero o meu espaço neste mundo e de bônus uma cachorra da raça labrador. E a Afrodite nem nasceu. Enquanto ela não nasce eu vou olhando um labrador daqui, outro labrador dali e pensando... o que eu estou fazendo pra conseguir a minha cachorra? A minha querida e tão sonhada Afrodite Lyz.
choque de realidade número 2:
Depois de 6 dias de gripe+febre, jogada na cama, lutando para me manter em pé e não perder o domínio dos neurônios, finalmente me sinto melhor. O superferiadão acabou. Tem casamento de irmão no sábado. O dia está fresco, há um sol. Alguma coisa boa pode acontecer. Eu saio, vou à loja comprar um par de sapatos para ser madrinha do ser humano casadoiro. Volto feliz, com um belo novo par de sapatos, que tem largas possibilidades após o evento... para encontrar o apê arrombado, todos os armários e gavetas virados no chão, minhas câmeras (vídeo e foto), todos os anéis e brincos sumidos! Choque de realidade absoluto. Estou no Brasil, a violência existe e eu não tenho imunidade. Humpft.
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