Uma terra distante, bem no interior de coisa nenhuma. Mato por todos os lados. Longe de tudo. Só se encontram os índios. Não há comunicação, não há nada perto. Uma imensa serra, quase instransponível, separa o lugar do litoral. Um porto precário, que recebe um navio por ano - às vezes, nem isso.
A população é miserável. Poucos são brancos. Os que restam são pobres, falidos, aventureiros que não conseguiram a riqueza que desejavam quando saíram de suas terras. A maioria é mestiça, cabocla, mistura entre os índios e os brancos. É uma vila, pequena, modesta, isolada. Não chega nem sai gente. Tudo muito longe.
A pouca atividade econômica que existe é de subsistência. Agricultura em chácaras a leste, algumas pequenas criações de animais. Mal sabem falar o português. A minoria branca aprende a língua local, dos mestiços, dos índios.
As condições de vida não eram boas: não chegava nada de fora, em uma época que não havia nada por perto. As roupas, rasgadas, farrapos que duravam anos. Não tinham raiz nas terras e buscavam encontrar uma forma de sair da miséria. Saiam descalços pelo mato, com roupas velhas e a ajuda do índio, amigo, companheiro, parente. A mestiçagem era muito grande. Os poucos brancos já falavam a língua dos índios, comiam como os índios, agiam como os índios.
Até o século XVIII era assim. De lá para cá, a vila cresceu. Deixou de ser Vila, tirou Piratininga do nome e ficou só "São Paulo".
Para quem se interessa pelo assunto, vale a pena um vídeo sobre a capitania de São Paulo, dos primórdios até se tornar cidade global:
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