A camisa listada de azul, bege e verde estava aberta até o terceiro botão, o cabelo despenteado. O Buick, 1970, amarelo, brilhava ao sol. Uma corrente de ouro emoldurava seu pescoço gordo. Vestida de tomara que caia florido, Juliana parecia feliz. A porta do motel acabara de abrir, vejo o casal se beijando demoradamente, enquanto esperam os documentos.
Juliana aceita o alpino que atendente oferece, desembrulhando um para o Carlos. Saem alegres numa amarela manhã de sol. Acordo suada, aflita. Olho ao lado e vejo Carlos dormindo. É o terceiro sonho com a mesma temática esta semana. Resolvo tomar um banho quente. Fico dez minutos embaixo do chuveiro relembrando a cena. Pego o sabonete e me esfrego tanto, que a pele começa a ficar vermelha. Sinto nojo. Desço a escada com pressa, abro a porta da sala e saio em busca do sol. Não aquele cor de Buick, mas outro, novo.
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