A neblina forte impedia que eu enxergasse a estrada. O frio me convidava a dormir mais. Não posso, preciso ir encontrar a loira. Chego cedo e as mesas da padaria já estão quase todas ocupadas. Ao meu lado, quatro executivas, com seus terninhos bem cortados, falam sem parar. Elas conversam sobre casamento; nenhuma delas havia ganhado algo de dia dos namorados. Não resisti e continuei ouvindo a conversa alheia, adoro, confesso.
Começam a comentar sobre o J. Leko, o jogador croata que jogou muito na terça-feira contra o Brasil. Nesta hora quis me aproximar da mesa e me apresentar, dizer que também fiquei com o J. Leko na cabeça, sintonia feminina. Mas continuo espiando apenas.
A japonesa, uns 37 anos, terno vinho -- a cor do inverno --, balança os pés constantemente e reclama, estressada, da falta de espuminha no café. Diz que quadrado mágico é o que ela tem em casa. Quatro filhos pequenos, sendo dois gêmeos.
-- Terça, durante o jogo, tive certeza que o Carlos me trai.
-- Todo homem começa o adultério pelo sms, torpedos animados etc. Ele passou o jogo teclando no celular. Só gritou pelo Kaká. Me disse que era o pessoal do escritório, depois ficou mexendo no celular enquanto comia os quibinhos que fiz para o jogo.
-- Vocês acreditam nisso?
-- E você vai fazer o quê, pergunta o terninho verde musgo?
-- Nada, vou para o banco, como o Ronaldo, peço um lanchinho e espero jogos melhores. Com um quarteto mágico em casa, não tenho estratégia, tenho estrelas que esperam a redenção.
Desinformação e crise de confiança
Há uma semana
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